Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: https://www.google.com

EDELSON NAGUES
(BRASIL – MATO GROSSO)

 

Edelson Nagues, mato-grossense radicado em Brasília, é poeta, escritor, revisor de textos e servidor público.

Estudou Direito e Filosofia, com pós-graduação em Língua Portuguesa. Conquistou vários prêmios literários e tem textos publicados nas revistas eletrônicas ZunáiMallarmargensGerminaMusa RaraLiteratura & Fechadura Samizdat, entre outras. Publicou os livros Humanos (contos) e Águas de clausura (poesia – vencedor do X Prêmio Literário Asabeça), pela Editora Scortecci, em 2012; organizou a antologia Respeitável público: histórias de circo e outras tragédias (Editora Penalux, 2015) e participou da coletânea Horas partidas (contos – Penalux, 2017) e da plaquete Tanto mar sem céu (poesia – Lumme Editor, 2017).

É coautor do CD Anand Rao musica poemas de Edelson Nagues (edição dos autores, 2013).

 

DANIEL, Claudio.  NOVAS VOZES DA POESIA
BRASILEIRA. Uma antologia crítica.   
Capa: Thiti
Johnson.  Cajazeiras:  Arribação, 258 p.  
ISBN 978-85-6036-3333365-6

                  Exemplar biblioteca de Antonio Miranda

 

SOBRE TEMPO E MEMÓRIA

As peras, no prato,
apodrecem.
O relógio, sobre elas,
mede a sua morte?

(FERREIRA GULLAR – As peras)


A maçã
apodrece
sobre a mesa.

A comida
posta à mesa
[que apodrece].

Tal qual
um homem
apodrece.

[Seu olho no vidro.]

A mesa
apodrece
sob a maçã
[aquela].

sob o prato
de comida,
que tddambém.

A madeira
apodrece
o interior da mesa,
antes.

E o homem
[o mesmo]
tem tremor nas mãos.

A fórmica,
revestindo a madeira,
solta-se em lascas.

[Como a pele
do homem.]

A comida
apodrece
na escuridão
do estômago.

[E o homem
regurgita
pássaros
calcinados.]

A memória
da maçã
já não traz
a mesa,
que não traz
a madeira,
que não mais

a árvore.

Esta
já não [se]
lembra
[d]a floresta,

[Envelhecer
é só —
e sozinho.]

O homem
e seu dente de ouro,
sem sorriso.

A mulher
e seu colar de pérolas,
sem a festa.

Um e outro
e sempre sem
[e só].

Na memória
de ambos,
um que se foi
e outro nunca.

A mulher
reluta
em ser a maçã
[que apodrece].

E o homem,
a mesa
[que também].

[A madeira
corroendo[-se]
por dentro.]

A memória
[dela]
seca-se,
como a carne
da maçã.

Seca-se,
como os olhos
[de vidro?]
filtram
a desluz.

A memória
[dele]
sobe na mesa,
pula da árvore,

cai no rio.

Mas rio
já não há:
vazio espesso.

E o homem-
árvore
apodrece
longe

da floresta
de homens.

[Envelhecer
e só —
e sozinho.]

Torna-se
refém
da memória.

Como a árvore,
da terra que
a sustém.

E a maçã,
da espada
que a corta.

A memória
é frio aço
de dois cortes.

Tanto fere
quem a cultiva
quanto
quem ignora.

A memória
é lâmina
que divide
as horas.

Como a espada
trespassa a maçã
[sua carne
morta].

A memória
é substância
torta
se apodrece
dentro
de quem
gesta.

Tal qual
a comida
[indigesta
os vermes
que a devoram.

A memória
[presente]
esconde-se
em ausências
fortuitas.

Relógio
sem pêndulo,
marca o esque-
cimento.

A memória
paralisa
o tempo

[rio de
matéria
putrefata].

Tenta
disso-
vê-lo/unir
suas pontas.

Ou divi-
di-lo:
múltiplos
espelhos.

A memória
quer fazer-se
mesa
antes
de fazer-se
árvore,

antes de
floresta.

A memória
quer lograr
o tempo
no falso
de suas horas.


Já o tempo,
por seu turno,
não se dá
por vencido.

E separa
a madeira
da mesa

a mesa
da maçã

a maçã
da mulher

a mulher

do homem
[em gêneros
e dores]
e o homem
e a mulher
de si mesmos.

O tempo
se
para,

enquanto
prepara
o bote
no mote
do homem
[ou mulher]

livre.  

 

*
VEJA e LEIA outros poetas de MATO GROSSO em nosso Portal:               
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/mato_grosso/mato_grosso_index.htm

Página publicada em setembro de 2024


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar